sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Estou de volta

Estou de volta. Não sei se dizer que estou de volta está certo, já que não estou no mesmo lugar de onde parti. Por mais que voltemos acabamos sempre parando num lugar diferente. Depois de alguns meses de muita porrada, falta de tempo, algumas conquistas e verdadeiros tiros no peito, estou escrevendo aqui de novo.

Adorei as cobranças por novos posts feitas por grandes amigos e amigas, e parentes, que não deixam de ser grandes amigos e amigas. Aaaahhhh, minha família. Não existe nada no mundo que eu ame mais do que a minha família. Ela merecia um livro. Não um post, num bloguezinho qualquer. Por isso não vou fazer um post nesse bloguezinho qualquer exclusivamente dedicado à ela. Vou só deixar as idéias fluirem um pouco, pra ter a sensação de que estou de volta. Sentir um vento imaginário no cabelo, que aos poucos vai se tornando também imaginário. Hoje estou de folga. Pena que o sol e o dia bonito também terão que ser imaginários. Mas não importa. Quanto à missão do livro sobre os Cavalcanti, deixo pra outro membro mais talentoso com as letras do clã. Depois eu dou uma revisada.

Agora, não tenho intenção de fazer nenhum sentido. Nem de fechar os parágrafos com um significado redondo e uma mensagem pretensamente inteligente. Não estou pensando na crise, nem no Obama, nem no Lula, nem no tempo. Talvez um pouco no tempo...

Nesse momento escrevo e sinto saudades. De uma tia amada que agora ilumina essa família linda que eu tenho. Ela brilha junto da minha mãe. Duas estrelas irmãs. É tão difícil manter essa estrutura toda sem elas. Mas a gente vai dar conta. Porque a gente é foda. Adoro essa palavra, que uma amiga das antigas dizia, "Se fosse foda era bom". E é bom. É ótimo. É como nós somos. Sem modéstia, mas com humildade. Assim, contraditórios.

Enfim, estou de volta.
Diferente. Mas o mesmo.
Ou o mesmo. Só que diferente.
Às vezes sinto saudades. De todos. E de mim também.

Hoje eu tô de folga

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Enquanto continuo sem tempo...

Só tenho uma pergunta pra resumir minhas impressões diante de tudo que está acontecendo no mundo. Quem foi mesmo o idiota que disse que a História acabou?

sábado, 13 de setembro de 2008

Tá foda.

Tô sem tempo, cansado, a disposição oscila...
Estou trabalhando mais horas do que deveria um ser humano.
Quem falou que o trabalho enobrece o homem provavelmente era um cínico que não trabalhava. O excesso de trabalho tira o bom humor, rouba a inspiração e mina a criatividade. E o cansaço não enobrece ninguém. Às vezes olho para as pessoas como se fossem um bando de vagabundos que não dá tão duro quanto eu. Isso não é nobre. Nem verdade. Viva o ócio criativo! As pausas e os momentos de descanso! Quero botar os pés pra cima e dar um pouco de vazão à minha inequívoca vocação para a vadiagem. Ouvir música de olhos fechados e me deixar levar. Vagar por aí sem compromisso. Não existe combinação pior de palavras do que "tenho que".

E às vezes bate uma saudade tão grande.

Enfim... Segunda-feira começa tudo de novo.

sábado, 30 de agosto de 2008

¡Viva la Revolución!

Tenho andado cansado e sem tempo. Justamente por isso não vou gastar tempo e energia pra falar disso agora. É só uma justificativa para a demora em postar. (Engraçado como verbos são criados e a gente se acostuma com eles, não?)

O que eu gostaria de fazer hoje é uma espécie de brinde virtual. Uma comemoração de uma notícia boa. Uma grande amiga está grávida. Ou para ser moderno, um casal de grandes amigos está grávido. É uma boa chance pra ele continuar cultivando a barriga e dizer que só está fazendo isso por solidariedade.

Por causa da distância que vai afastando as pessoas enquanto a vida segue seu rumo, a notícia chegou pela internet. Uma "bandeirinha" do google talk avisando da chegada de um e-mail, e de uma nova vida.

Não vou perder tempo com masturbações mentais sobre novos tempos e novas formas de comunicação, e como as novas tecnologias tornam o mundo menor e ao mesmo tempo nos mantêm distantes. Só quero comemorar uma notícia maravilhosa que chega assim de repente, num sábado chuvoso que não prometia muita coisa além de cinema e vinho.

Infelizmente não tenho talento para fazer músicas e também não tenho fogos de artifício em casa. Então achei que entre as melhores coisas que podia fazer, além do telefonema entusiasmado e da promessa de visita a São Paulo que pretendo mesmo cumprir, era escrever alguma coisa aqui. (Tá, o cumprimento da promessa e um presentinho talvez sejam mais apreciados, mas vá lá..)

Que o pequeno comunista - ou a pequena - chegue cercado de felicidade nesse mundo caótico e maravilhoso. Engraçado pensar em como essa criança vai nascer em um mundo já tão diferente do que o em que nós crescemos. Podemos até brincar que um praticamente filho do Jornal do Brasil, se bobear não vai nem saber o que é JB. E essa é só a menor das mudanças. Estamos mesmo ficando velhos. E parece que isso não é tão ruim assim, afinal.

Parabéns, meus amigos. Muita sorte. Que caminhemos para um mundo melhor.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Genética - ou - Olha só o que acontece quando uma espécie escapa à seleção natural

Essa semana fui a dois médicos por causa de empregos no mesmo dia. Um exame admissional e um periódico. Na prática a mesma coisa. Só isso já era motivo para uma crônica, segundo um amigo. Mas não foi passar a tarde em consultórios, praticamente pra nada, que me chamou a atenção.

Esses exames são na verdade muito rápidos, algumas perguntas do médico só pra poder te liberar logo e passar para o próximo. E, para adiantar o trabalho de dizer que você está apto para começar ou continuar no emprego, eles te dão um questionário de múltipla escolha que deve ser preenchido enquanto se espera pela consulta pra poupar o médico de fazer tantas perguntas.

As principais são as doenças que você tem ou teve, e as doenças da sua família. Fui marcando os quadradinhos com um x cada. Na histórico da família as linhas correspondiam a pais, avós, tios.. e as colunas às doenças. Pressão alta, diabetes, doenças cardíacas, câncer, avc.. x, x, x.. Quase pulei da cadeira gritando BINGO!!!! Parece que tenho o pacote de risco completo. Tá lá, acho que fechei uma linha. Será que tem algum prêmio além de um derrame?

Fuck.. Quem quer passar dos 40 mesmo...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pugilismo

Se você parar bem pra reparar a vida lembra um lutador de boxe. Ela vem pra cima e você tem que encarar. Não sei bem como ela é com as outras pessoas, mas comigo reparei que ela às vezes usa uma técnica de lutador iniciante. (E o foda é que eu ainda assim dou mole de vez em quando)

Explico melhor. Já reparou na combinação de golpes mais básica dos pugilistas. Jab, jab, direto. Jab, jab, direto. Posso até ouvir um amigo meu que treinou boxe uma época cantando os golpes. O boxeador dá dois socos com a mão que está na frente na guarda, normalmente a esquerda se ele for destro, que em geral tem menos potência. Esses golpes servem principalmente para abrir a defesa do oponente. Em seguida o lutador desfere o direto, que vem em geral com mais força e maior potencial de dano.

Já fui vítima dessa tática mais de uma vez. Com a vida. Não lutando boxe. Duas porradas primeiro. Logo em seguida vem a terceira. O direto. Com força. Acho que estou aprendendo... Levou as duas primeiras? Fecha a guarda porque a terceira vem em seguida. E essa é a que pode te derrubar se você já estiver meio balançado. Ou talvez, o ideal seja melhorar a esquiva. O importante é não cair. E se cair, levantar. E bater de volta. Porque ninguém ganha uma luta ficando o tempo todo na defesa.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Tempos modernos

As pessoas tem preguiça de ler textos longos. Estava esperando um "hoje em dia" completando a frase anterior, não é? Não sei se é verdadeiro encaixar um "as pessoas" junto com um "hoje em dia" nesse caso. Se formos tomar como base a maioria da população mundial, as pessoas por muito tempo mal souberam ler. Ou mal sabem... Quem dirá ter paciência para ler textos longos.

Então, não acho que hoje em dia elas tenham ficado com preguiça de ler textos que se estendem por mais do que uns poucos e curtos parágrafos. Acho que hoje em dia, e aqui sim cabe um "hoje em dia", as pessoas(esse termo genérico que define um universo heterogêneo de forma tão homogênea) lêem uma quantidade muito maior de textos. O tempo todo. Tecla batida e rebatida. A era da informação. E com um universo maior de pessoas lendo, lendo e lendo, é natural que apareça em destaque essa maioria de pessoas que de fato tem preguiça de ler textos longos. Eu também tenho. Por isso talvez seja melhor terminar por aqui. Antes que você desista de ler esse parágrafo até o fim. Tudo isso porque me ocorreu que quase ninguém vai ler esse texto aí em baixo. Porque daqui não dá pra ver o final dele.

Não ganhei na mega-sena, de novo


O nível de felicidade de uma pessoa permanece basicamente o mesmo ao longo de toda a vida. Uma pessoa que é feliz por natureza tende a manter essa característica mesmo que passe por algum trauma que venha a lhe roubar a alegria temporariamente. Como um otimista que de repente se vê em uma cadeira de rodas. Depois de uma fase de tristeza, ele provavelmente será uma pessoa feliz em uma cadeira de rodas. Já uma pessoa que tem uma atitude negativa diante da vida vai ser infeliz pelo resto dela. Mesmo que algo de muito bom aconteça(como ganhar na loteria), depois de passada a euforia ela tende a voltar a ser a mesma mal-humorada e depressiva pessoa de sempre. Ainda que milionária.

Não sei ao certo quantas pesquisas abordam o assunto, mas já vem de longe o dia em que ouvi falar disso a primeira vez. Provavelmente foi naquele filme/desenho "Waking Life", do diretor Richard Linklater, em que os personagens de um sonho apenas conversam e conversam sobre idéias e filosofia. O parágrafo acima, inclusive, é basicamente a memória que tenho da cena em que o assunto era abordado. Uma conversa de cama entre o Ethan Hawke redesenhado e uma moça escondida pela metade, debaixo do lençol.

Já a última vez que vi o assunto ser trazido à tona lembro bem quando foi. Era um estudo divulgado em um jornal alemão de economia(!) - li numa matéria do Globon, não leio jornais alemães.. - que dizia que perder o emprego era mais traumático do que ficar viúvo. Para chegar à conclusão os pesquisadores se basearam em entrevistas nas quais mediam os níveis de felicidade das pessoas durante algum tempo. Dessa forma descobriram que quem fica desempregado demora mais para voltar ao nível de felicidade que tinha antes de perder o emprego, do que uma pessoa que passou pelo trauma de perder o cônjuge. A matéria lembrava que havia outros estudos que apontavam que a felicidade podia ser genética, um traço de personalidade. Ainda lembro bem que o nome dado pelos brilhantes cientistas ao "fenômeno" que explicava as pessoas voltarem a um nível de felicidade médio algum tempo depois de um trauma ou de uma grande alegria era "adaptação". Adequado, mas não precisava ser cientista para dar esse nome ao dito fenômeno.

Tanta enrolação pra confessar que a constatação me assustou. Quer dizer que mesmo que eu tivesse acertado aqueles seis números mágicos que acabariam com meus problemas, eu iria continuar a ser o mesmo infeliz, instável e às vezes depressivo que sempre fui? Não sei que nível de felicidade você se daria com sinceridade, caso fosse indagado por um desses cientistas, mas para alguém que não se considera a pessoa mais radiante do mundo é duro pensar que se está condenado a não encontrar a tal felicidade nunca. Gostaria de perguntar aos cientistas, "ficar rico não vai me fazer feliz então?". "Temporariamente", eles responderiam. "E encontrar a mulher da minha vida?". "Você se acostuma. Cansa, e vêm as outras mulheres da vida". "Ter um filho?". O cientista ri antes de responder. "Essa tá na matéria, né? Depois de uns dois anos o nível de felicidade volta ao normal. Isso se o tal moleque vier numa hora em que ele seja mesmo motivo de felicidade. Nem sempre é assim, bem se sabe. Poucos pais ou mães vão dizer que os filhos não os fazem felizes. Mas o tempo todo?". "Ok. A pergunta foi tola."

E aonde chegamos com essas pesquisas? À idéia de que a felicidade é química, genética, e que qualquer problema pode ser resolvido com uma ida ao psiquiatra e uma receita? Porque saber que se está condenado a ser um melancólico pelo resto da vida é um golpe duro. Acho que não é essa a resposta. E é claro que não existe uma apenas. Sempre desconfiei de pesquisas, mas tenho que confessar que essas fazem algum sentido se você parar para observar as pessoas por algum tempo. Quando escrevo sobre pesquisas evito dizer que elas provam qualquer coisa. Em geral digo que elas apontam ou indicam. É o que a maioria faz. E como não pretendo fazer aqui um texto de auto-ajuda, ou de ajuda-ao-próximo, apenas aponto uma conclusão. Não posso aceitar que estejamos condenados a ser os mesmos para sempre, sem nunca alcançar essa abstração que criamos de felicidade. Mas também não sou tão idiota a ponto de achar que realmente alguns milhões fariam a alegria eterna. Acho que realmente temos uma tendência a uma atitude positiva ou negativa diante da vida de uma maneira geral. Com seus altos e baixos influenciados por fatores externos, alterações hormonais e etceteras. Mas podemos mudar e ser mais felizes tendo consciência disso e procurando mudar as atitudes diantes da vida quando necessário. Mudar a maneira de encará-la. É duro escrever tudo isso para terminar em um clichê, mas descobri que existe um motivo para que alguns pensamentos sejam tão repetidos a ponto de se transformarem em um. Enfim... Queria ter ganhado na mega-sena...