sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Meus porquês

Ainda não consegui nem organizar direito os pensamentos. Deixei os dedos seguirem pelo teclado pra ver se um pouco do que estou pensando e sentindo transborda aqui e eu consigo ficar um pouco mais tranquilo. Estava conversando com várias pessoas sobre estas eleições e de repente parei pra pensar no porque eu estava levando aqueles papos. Me dei conta do principal motivo. Eu amo muito este país. Eu gosto muito do Brasil. Muito mesmo. Soa meio brega falar assim, eu acho. Mas, e daí?

Eu gosto tanto desse país que me dispus a sair do conforto do meu Rio de Janeiro, pelo qual também sou completamente apaixonado, para passar quase um ano no interior do Nordeste, rodando pelos sertões dos estados do Piauí, Pernambuco e Ceará pra coordenar e executar o Programa de Comunicação Social da construção de uma linha de transmissão de energia elétrica. As condições do trabalho às vezes são árduas, é preciso se privar de muitos confortos, mas também é um trabalho que traz muitas coisas positivas, das aventuras dos rallys diários ao contato direto com a população da zona rural da região.

E com toda as experiências que tenho vivido me entristece ainda mais ver o que está acontecendo nessa campanha eleitoral. Ver o PSDB e grande parte da imprensa jogando sujo para virar o jogo contra a candidata petista Dilma Roussef. Manipulando e deformando informações na maior cara de pau. Me dói ver colegas jornalistas caindo nessas manipulações. Dilma e Serra dizem "sou a favor da união civil dos homossexuais, casamento é coisa de igreja e as igrejas devem resolver". E o Globo mancheta "Dilma é contra o casamento gay" e no site "Serra é a favor da união civil dos homossexuais". E de repente a Dilma perde, além dos votos de religiosos porque seria gay, ou favorável aos gays, o voto de pessoas de mente mais aberta, porque foi acusada caluniosamente de ser contra a união dos gays. E eu vejo amigos queridos, inteligentes, esclarecidos, caindo nessa conversa e dando impulso a ela. Fico triste.

Já disse várias vezes que não tenho nada contra alguém optar pelo candidato tucano por convicções próprias ou por não gostar do PT. Mas fico pasmo de ver pessoas muito mais informadas do que eu caindo nas armações do que começo a considerar a campanha mais suja já feita. Que esta conseguindo a proeza de ultrapassar o nível de baixaria de 89, na disputa Lula x Collor.

As últimas notícias sobre eleições só tem me deixado triste. Triste porque eu me dei conta do quanto me importo com esse país. Porque me desloquei e vi o quanto está sendo feito. Vi pessoas que não passam mais fome. Eu não sei quem ainda se lembra do saudoso Betinho, da Ação da Cidadania, do Natal Sem Fome. Hoje o que se distribui são brinquedos e livros, porque o Brasil avançou de tal forma no combate à fome que a campanha mudou de foco. Isso não é pouca coisa. Estou testemunhando desigualdades regionais gigantescas sendo corrigidas. A quantidade de investimentos no Nordeste e o crescimento da região é visível. Vi de perto as obras da ferrovia Transnordestina e da transposição do Rio São Francisco. São obras impressionantes gerando milhares de empregos, fazendo cidades crescerem, arrecadarem mais em impostos, e que não tinham saído do papel antes porque simplesmente não se olhava para cá.

No governo Fernando Henrique decretava-se como verdade inquestionável o fim do emprego de carteira assinada, das garantias trabalhistas. Com a criação de 14 milhões de empregos o atual governo provou que eles estavam errados. A inclusão de milhares de pessoas no mercado consumidor que expandiu a tão falada Classe C, que está inclusive mudando abordagens de jornais e TVs, demonstra o quanto esse país avançou. O respeito que ganhamos no exterior é outro sintoma positivo das mudanças. Não sei se todo mundo lembra da política externa subserviente que tínhamos no governo tucano. Foi a capacidade de questionar paradigmas econômicos, que os psdebistas seguiam como religião, que nos salvou de uma das maiores crises econômicas que o mundo já atravessou. E como ex-aluno de uma universidade federal posso falar de cadeira do mal que o governo Fernando Henrique fez à educação.

Enfim. Espero que ainda possamos manter o orgulho e a cabeça erguida que como brasileiros começamos a ter recentemente. Espero voltar a sentir a positividade. Torço muito pare que a gente não dê um passo atrás.

Desculpem a falação. Foi só um desabafo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Sampa

Descobri recentemente que a São Paulo que tenho gravada na cabeça tem a ver com uma bienal de arte que fui na cidade. Era uma bienal de muitas instalações e muitas, muitas fotografias. Engraçado descobrir que até hoje ela tem impacto em mim. Descobri isso revendo São Paulo numa série de tv da HBO. Alice. Recomendo. São Paulo tem uma cor específica de metrópole que é muito bem captada pelo programa. É uma cor bonito-feia. Tipo aquela menina exótica, que não é exatamente linda, mas chama a atenção por alguma outra qualidade que não é fácil de definir.

São Paulo, na visão que mantenho da cidade, é melancólica. Não é uma crítica. Uma certa melancolia e depressão têm o seu charme. Mas confesso que não consigo deixar de vê-la como uma cidade um pouco opressiva a partir do meu bairrismo carioca. Essa cidade solar. Que respira e tem verde, cinza e azul e cores vibrantes por todo canto. Já Sampa tem as cores que vi naquela bienal, que não lembro o ano. Cores mais fechadas. Com a luz um pouco ofuscada pela fumaça. Uma cidade mais noturna. Com seus encantos sim, mas um pouco melancólica.

Fiquei pensando em filmes sobre as duas capitais e não consegui lembrar de um que mostrasse a capital paulista de uma maneira leve, pra cima. Acho que todos acabam ficando meio claustrofóbicos no meio de todos aqueles edifícios sem uma saída que não passe por um trânsito monumental. Uma grande metrópole. Sem dúvida.

Estive lá apenas três vezes, pelo que posso contar. Na primeira não tinha idade para me lembrar. Mas reza a lenda que foi quando larguei a chupeta. Uma cidade tão grande exige mesmo que a gente cresça.

A segunda vez foi a marcante. Fui "a trabalho", para um festival de música eletrônica e aprovetei para conhecer um pouco de Sampa. Foi quando visitei a bienal. E agora fico mais uma vez impressionado com o quanto a arte pode deixar marcas em nós. Muitas das obras tinham como tema as metrópoles e o indivíduo perdido, ou achado, no meio de toda a loucura e beleza. E o clima era melancólico. E todas aquelas grandes cidades retratadas ali - Nova York, Tóquio, Los Angeles, Londres... - me remetem agora a São Paulo.

A terceira também foi a trabalho. Fiquei uma semana trabalhando numa feira de cinema e tv. Aproveitei um pouco dos restaurantes e revivi a relação de quase amor e quase ódio com aquela cidade. O trânsito, as pessoas, a poluição. Fiquei doente no último dia por causa dela. Mas o balanços geral foi positivo.

E mantenho esse fascínio, esse sentimento ambíguo por São Paulo e seus sotaques. Devo há anos uma visita a grandes amigos que foram morar lá. E quando digo anos não é força de expressão. Acho que há dois anos, pelo menos, devo essa visita. Que pretendo pagar em breve. Pra rever meus amigos e essa tal cidade parceira-rival, que eu admiro e rejeito ao mesmo tempo.

Espero que escrever de novo sobre assunto com mais conhecimento de causa em pouco tempo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Oração

Que eu tenha
arrogância o bastante para acreditar em mim
e humildade o suficiente para perceber meus erros

Adaptado do Amyr Klink

Humildade: qualidade fundamental para atingir a perfeição.


Não tá escrito exatamente assim, mas tem essa ideia lá no "Cem dias entre céu e mar", no meio de um capítulo que li na minha folga segunda-feira, sentado numa cadeira de praia em frente ao mar num dia de mormaço. 09/02/09

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sobre processos

Sou daqueles que acha que a escultura está dentro da pedra, escondida pela rocha, e que o trabalho do artista é libertá-la. Sou dos que acham que as idéias estão no ar e que o talento consiste em canalizar as melhores delas e trazê-las para o mundo. Penso o mesmo dos textos e até dos números sorteados na Mega-Sena. Eles estão lá. Você só tem que ter a habilidade de jogar luz nas letras certas, ou nos números mágicos, no caso do sorteio.

Hoje convivo com isso no meu dia-a-dia no trabalho porque, dentre outras atribuções, preciso fazer títulos da melhor, mais chamativa, mais sintética, mais engraçada e mais explicativa maneira possível. Claro que nem sempre consigo combinar tudo isso. O espaço é limitado e a imaginação também. Mas quando olho para o retângulo em branco que tem que se transformar no chamariz para a matéria já escrita abaixo e tentar resumir a ideia (idéia já de acordo com o o novo acordo ortográfico. Que saco...) dela, sempre tenho a impressão de que o título certo já está ali. Escondido por detrás daquele branco todo. Eu tenho é que lapidar para fazer as letras certas formarem as palavras corretas, que vão compor a melhor chamada. Quando o chefe muda o título que fiz para um melhor e eu penso "Droga! Por que não pensei nisso?", para mim, aquelas palavras já estavam ali. Era só uma questão de tirar os pedaços brancos certos para descobrir qual era o melhor título.

E enquanto escrevia tudo isso eu estava, na verdade, vendo se conseguia esculpir as ideias que me ocorreram no banho, agora há pouco. Quando pensava sobre o momento histórico que o mundo vive e todo o simbolismo que carrega a posse do novo presidente do Estados Unidos, Barack Obama, que assumiu o poder ontem, dia 20 de janeiro de 2009. Pra mim, neste momento, não importa o ceticismo, ou até o realismo, de quem sabe que a mudança não acontece da noite para o dia. De que há um longo caminho a percorrer e que não há nenhuma garantia de que vá haver um "happy end" no final.

O mais importante é que no meio daquela democracia louca do país que é o mais poderoso do mundo e que, querendo ou não, tem grande influência sobre os caminhos que o mundo todo vai tomar, os americanos conseguiram esculpir o mais belo resultado, depois de anos de obscurantismo. Semanticamente é fantástico que um negro venha de forma quase messiânica tentar tirar os Estados Unidos das trevas, da escuridão.

Torço muito para que esse sonho sonhado há tanto tempo e que se fez realidade ontem possa seguir num caminho positivo. E que nós, por aqui, possamos crescer e seguir também a caminho da prosperidade. Que se salve o planeta, as pessoas e a economia. E citando o bordão, que a esperança, depois de vencer o medo, se transforme em realidade. Sólida como a rocha e bela como uma escultura renascentista. Desejo boa sorte.

E vamos nós trabalhar aqui.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Feliz 2009

Começou o ano. E nada novo me inspirou ainda. Esse começo ainda tem o cheiro do que passou. Acho que fico ansioso enquanto as coisas não engrenam. Os mandatos não começam. As reformas ainda estão apenas começando a se instalar.

Acho que o que me dá nervoso é que é difícil ver as coisas começando. Elas começam meio sem você se dar conta e quando você percebe elas já estão rolando. É preciso ficar muito atento pra perceber como nascem os primeiros brotos. Numa hora eles são verdes, um carocinho. De repente já são uma flor, um fruto. E você nem notou como eles chegaram lá.

Talvez o ideal seja que aconteça dessa forma. Mas fico ansioso enquanto a coisa não começa. Ou melhor, enquanto ela não toma forma. Acho que funciono assim com os anos, com os trabalhos, com as pessoas...

E 2009 começa em suspense, mesmo com toda a festa que sempre se faz em um réveillon. Um dos conflitos mais antigos do mundo se acirra com banhos de sangue. As pessoas ainda estão na expectativa pra saber se O Cara do momento vai mesmo mudar alguma coisa. A crise vai se alastrando como o Nada, em Fantasia, na "História Sem Fim". Aquela coisa pavorosa, que ninguém sabe direito como será quando bater. E a gente está aqui. Na expectativa de que diabos vai acontecer. E agora eu não posso mais usar a droga da trema, que eu gostava tanto. Mas as mudanças ainda não estão bem definidas.

Talvez, como todo ano, de acordo com a sabedoria popular, 2009 só vá começar de verdade depois do carnaval. Esses primeiros meses ainda são uma fase de larva. Só sei que esse deve ser o pior post que já escrevi. Essa chuva que não para(agora sem acento diferencial) não está ajudando em nada, mas vou evitar as broncas pela demora em postar.

Enfim...

Feliz 2009 pra todo mundo. Que comece logo, e melhor.
(Quando a chuva passar acho que o ano se anima. Eu odeio a Zona de Convergência do Atlântico Sul e essas malditas mudanças climáticas. Estou precisando de um dia bonito)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Estou de volta

Estou de volta. Não sei se dizer que estou de volta está certo, já que não estou no mesmo lugar de onde parti. Por mais que voltemos acabamos sempre parando num lugar diferente. Depois de alguns meses de muita porrada, falta de tempo, algumas conquistas e verdadeiros tiros no peito, estou escrevendo aqui de novo.

Adorei as cobranças por novos posts feitas por grandes amigos e amigas, e parentes, que não deixam de ser grandes amigos e amigas. Aaaahhhh, minha família. Não existe nada no mundo que eu ame mais do que a minha família. Ela merecia um livro. Não um post, num bloguezinho qualquer. Por isso não vou fazer um post nesse bloguezinho qualquer exclusivamente dedicado à ela. Vou só deixar as idéias fluirem um pouco, pra ter a sensação de que estou de volta. Sentir um vento imaginário no cabelo, que aos poucos vai se tornando também imaginário. Hoje estou de folga. Pena que o sol e o dia bonito também terão que ser imaginários. Mas não importa. Quanto à missão do livro sobre os Cavalcanti, deixo pra outro membro mais talentoso com as letras do clã. Depois eu dou uma revisada.

Agora, não tenho intenção de fazer nenhum sentido. Nem de fechar os parágrafos com um significado redondo e uma mensagem pretensamente inteligente. Não estou pensando na crise, nem no Obama, nem no Lula, nem no tempo. Talvez um pouco no tempo...

Nesse momento escrevo e sinto saudades. De uma tia amada que agora ilumina essa família linda que eu tenho. Ela brilha junto da minha mãe. Duas estrelas irmãs. É tão difícil manter essa estrutura toda sem elas. Mas a gente vai dar conta. Porque a gente é foda. Adoro essa palavra, que uma amiga das antigas dizia, "Se fosse foda era bom". E é bom. É ótimo. É como nós somos. Sem modéstia, mas com humildade. Assim, contraditórios.

Enfim, estou de volta.
Diferente. Mas o mesmo.
Ou o mesmo. Só que diferente.
Às vezes sinto saudades. De todos. E de mim também.

Hoje eu tô de folga