quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sobre processos

Sou daqueles que acha que a escultura está dentro da pedra, escondida pela rocha, e que o trabalho do artista é libertá-la. Sou dos que acham que as idéias estão no ar e que o talento consiste em canalizar as melhores delas e trazê-las para o mundo. Penso o mesmo dos textos e até dos números sorteados na Mega-Sena. Eles estão lá. Você só tem que ter a habilidade de jogar luz nas letras certas, ou nos números mágicos, no caso do sorteio.

Hoje convivo com isso no meu dia-a-dia no trabalho porque, dentre outras atribuções, preciso fazer títulos da melhor, mais chamativa, mais sintética, mais engraçada e mais explicativa maneira possível. Claro que nem sempre consigo combinar tudo isso. O espaço é limitado e a imaginação também. Mas quando olho para o retângulo em branco que tem que se transformar no chamariz para a matéria já escrita abaixo e tentar resumir a ideia (idéia já de acordo com o o novo acordo ortográfico. Que saco...) dela, sempre tenho a impressão de que o título certo já está ali. Escondido por detrás daquele branco todo. Eu tenho é que lapidar para fazer as letras certas formarem as palavras corretas, que vão compor a melhor chamada. Quando o chefe muda o título que fiz para um melhor e eu penso "Droga! Por que não pensei nisso?", para mim, aquelas palavras já estavam ali. Era só uma questão de tirar os pedaços brancos certos para descobrir qual era o melhor título.

E enquanto escrevia tudo isso eu estava, na verdade, vendo se conseguia esculpir as ideias que me ocorreram no banho, agora há pouco. Quando pensava sobre o momento histórico que o mundo vive e todo o simbolismo que carrega a posse do novo presidente do Estados Unidos, Barack Obama, que assumiu o poder ontem, dia 20 de janeiro de 2009. Pra mim, neste momento, não importa o ceticismo, ou até o realismo, de quem sabe que a mudança não acontece da noite para o dia. De que há um longo caminho a percorrer e que não há nenhuma garantia de que vá haver um "happy end" no final.

O mais importante é que no meio daquela democracia louca do país que é o mais poderoso do mundo e que, querendo ou não, tem grande influência sobre os caminhos que o mundo todo vai tomar, os americanos conseguiram esculpir o mais belo resultado, depois de anos de obscurantismo. Semanticamente é fantástico que um negro venha de forma quase messiânica tentar tirar os Estados Unidos das trevas, da escuridão.

Torço muito para que esse sonho sonhado há tanto tempo e que se fez realidade ontem possa seguir num caminho positivo. E que nós, por aqui, possamos crescer e seguir também a caminho da prosperidade. Que se salve o planeta, as pessoas e a economia. E citando o bordão, que a esperança, depois de vencer o medo, se transforme em realidade. Sólida como a rocha e bela como uma escultura renascentista. Desejo boa sorte.

E vamos nós trabalhar aqui.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Feliz 2009

Começou o ano. E nada novo me inspirou ainda. Esse começo ainda tem o cheiro do que passou. Acho que fico ansioso enquanto as coisas não engrenam. Os mandatos não começam. As reformas ainda estão apenas começando a se instalar.

Acho que o que me dá nervoso é que é difícil ver as coisas começando. Elas começam meio sem você se dar conta e quando você percebe elas já estão rolando. É preciso ficar muito atento pra perceber como nascem os primeiros brotos. Numa hora eles são verdes, um carocinho. De repente já são uma flor, um fruto. E você nem notou como eles chegaram lá.

Talvez o ideal seja que aconteça dessa forma. Mas fico ansioso enquanto a coisa não começa. Ou melhor, enquanto ela não toma forma. Acho que funciono assim com os anos, com os trabalhos, com as pessoas...

E 2009 começa em suspense, mesmo com toda a festa que sempre se faz em um réveillon. Um dos conflitos mais antigos do mundo se acirra com banhos de sangue. As pessoas ainda estão na expectativa pra saber se O Cara do momento vai mesmo mudar alguma coisa. A crise vai se alastrando como o Nada, em Fantasia, na "História Sem Fim". Aquela coisa pavorosa, que ninguém sabe direito como será quando bater. E a gente está aqui. Na expectativa de que diabos vai acontecer. E agora eu não posso mais usar a droga da trema, que eu gostava tanto. Mas as mudanças ainda não estão bem definidas.

Talvez, como todo ano, de acordo com a sabedoria popular, 2009 só vá começar de verdade depois do carnaval. Esses primeiros meses ainda são uma fase de larva. Só sei que esse deve ser o pior post que já escrevi. Essa chuva que não para(agora sem acento diferencial) não está ajudando em nada, mas vou evitar as broncas pela demora em postar.

Enfim...

Feliz 2009 pra todo mundo. Que comece logo, e melhor.
(Quando a chuva passar acho que o ano se anima. Eu odeio a Zona de Convergência do Atlântico Sul e essas malditas mudanças climáticas. Estou precisando de um dia bonito)