quinta-feira, 26 de março de 2009

Sampa

Descobri recentemente que a São Paulo que tenho gravada na cabeça tem a ver com uma bienal de arte que fui na cidade. Era uma bienal de muitas instalações e muitas, muitas fotografias. Engraçado descobrir que até hoje ela tem impacto em mim. Descobri isso revendo São Paulo numa série de tv da HBO. Alice. Recomendo. São Paulo tem uma cor específica de metrópole que é muito bem captada pelo programa. É uma cor bonito-feia. Tipo aquela menina exótica, que não é exatamente linda, mas chama a atenção por alguma outra qualidade que não é fácil de definir.

São Paulo, na visão que mantenho da cidade, é melancólica. Não é uma crítica. Uma certa melancolia e depressão têm o seu charme. Mas confesso que não consigo deixar de vê-la como uma cidade um pouco opressiva a partir do meu bairrismo carioca. Essa cidade solar. Que respira e tem verde, cinza e azul e cores vibrantes por todo canto. Já Sampa tem as cores que vi naquela bienal, que não lembro o ano. Cores mais fechadas. Com a luz um pouco ofuscada pela fumaça. Uma cidade mais noturna. Com seus encantos sim, mas um pouco melancólica.

Fiquei pensando em filmes sobre as duas capitais e não consegui lembrar de um que mostrasse a capital paulista de uma maneira leve, pra cima. Acho que todos acabam ficando meio claustrofóbicos no meio de todos aqueles edifícios sem uma saída que não passe por um trânsito monumental. Uma grande metrópole. Sem dúvida.

Estive lá apenas três vezes, pelo que posso contar. Na primeira não tinha idade para me lembrar. Mas reza a lenda que foi quando larguei a chupeta. Uma cidade tão grande exige mesmo que a gente cresça.

A segunda vez foi a marcante. Fui "a trabalho", para um festival de música eletrônica e aprovetei para conhecer um pouco de Sampa. Foi quando visitei a bienal. E agora fico mais uma vez impressionado com o quanto a arte pode deixar marcas em nós. Muitas das obras tinham como tema as metrópoles e o indivíduo perdido, ou achado, no meio de toda a loucura e beleza. E o clima era melancólico. E todas aquelas grandes cidades retratadas ali - Nova York, Tóquio, Los Angeles, Londres... - me remetem agora a São Paulo.

A terceira também foi a trabalho. Fiquei uma semana trabalhando numa feira de cinema e tv. Aproveitei um pouco dos restaurantes e revivi a relação de quase amor e quase ódio com aquela cidade. O trânsito, as pessoas, a poluição. Fiquei doente no último dia por causa dela. Mas o balanços geral foi positivo.

E mantenho esse fascínio, esse sentimento ambíguo por São Paulo e seus sotaques. Devo há anos uma visita a grandes amigos que foram morar lá. E quando digo anos não é força de expressão. Acho que há dois anos, pelo menos, devo essa visita. Que pretendo pagar em breve. Pra rever meus amigos e essa tal cidade parceira-rival, que eu admiro e rejeito ao mesmo tempo.

Espero que escrever de novo sobre assunto com mais conhecimento de causa em pouco tempo.